quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Capítulo 1



Passaram dez anos desde que o conheci. Agora, com 31 anos, vejo as coisas de outra forma.
Não me arrependo. Não me arrependo de ter casado jovem, de ter tido filhos ainda mais cedo. São ambos lindos e maravilhosos. David decidiu que esta vai ser a última época que vai jogar. 
Estamos em Julho, vim com os miúdos um pouco à praia, tentar descansar. Ao que parece impossível. Olhei para trás e dois homens, tentando disfarçar, tiravam-nos fotos.
Estava cansada, saturada, farta desta situação. A qualquer sítio que fosse, aparecia fotógrafos. No início, tentei entende-los, é uma profissão como as outras mas agora, vários anos depois não entendo porque ainda têm necessidade de tirar fotos.
Aos poucos e poucos, tornei-me em algo que não queria. Numa socialite. Era capa de revistas dentro e fora do país. Nunca pedi tal coisa, não queria isto. É verdade é que fiz uns trabalhos de moda, desfilar e pousar com roupas de marcas conhecidas mas foi por necessidade. Não queria viver às custas de David. No entanto, nunca posei nua, não me iria expor a esse ponto. Não sou assim, nunca vou ser. Sou mãe e eles merecem o melhor de mim.
Neste momento, o melhor para os meus dois filhos é sair da praia e ir para casa.
-Maria! Pedro! Venham, vamos embora.
-Já mãe? Ainda agora chegamos! - Reclamava Maria, que adorava praia e água.
-Eu sei querida mas mal nós chegamos também os meus melhores amigos chegaram.
-Fotógrafos? Já? - Embora pequeno, Pedro sabia bem como era ser filho de um jogador de futebol. O pobre sofria. Coloquei-os num colégio privado, pois fui obrigada. Quando os coloquei numa escola pública, pensei que fosse o melhor mas enganei-me. As outras crianças eram cruéis e o Pedro e Maria, foram-se isolando. Obtei por retira-los da escola e coloca-los no colégio.
-Mãe, podemos ir para a piscina?
Sorri à pergunta da Maria. Um dia, ia ser nadadora profissional e iria às olimpíadas. Já tinha ido aos nacionais de iniciados, e de certeza que iria continuar assim. Havia um enorme amor pela natação, notava-se nos seus olhos grandes verdes.
-Claro. Vamos para casa então.
David tinha comprado uma vivenda e à dois anos fizemos uma grandes piscina. Os miúdos adoravam. (Tirando claro, o facto da piscina apenas ser utilizada quando a mãe ou o pai estivessem a ver).
Mal chegamos a casa, ambos se atiraram-se para a piscina. Avisei-os para terem cuidado mas claro, não ouviram. Já tinham a cabeça mergulhada dentro de casa.
Inicialmente, David tinha na cabeça uma casa enorme. Com 6 quartos e 6 casas de banho.
"És doido! Para quê uma casa tão grande? És tu que a vais limpar depois?"
"Não, é uma empregada. A gente vai ter, como é óbvio".
Recusei. Recusei a casa e a empregada. Fiquei então apaixonada por uma casa linda, não tão grande. Tinha 4 quartos, uma sala grande e uma cozinha maravilhosa. Apenas três casas de banho, o suficiente. Um jardim enorme, para pôr um cão e uma piscina. Tinha tudo planeado, era a minha casa de sonho, era onde ia constituir uma grande família. David, também gostou (devo dizer que não tanto como a outra. Ele apenas queria-me dar o melhor).


Todas as noites, David agradecia a Deus. Pela carreira, pela família, por mim, pela casa. Ele dizia-se sortudo. Eu, pouco religiosa, dizia-lhe "Só tiveste o que mereceste, trabalhaste para tudo isto e Deus deu-te o que tu merecias". 
Não queria parecer enjaulada dentro de casa então apenas colocamos uns arbustos em volta da casa. Era perfeito, era tudo tão lindo e perfeito. 
-Oi amor!
-Olá David. Como correu o treino?
-Bem, embora muito cansativo, bem. - David deu-me um beijo e logo pelos olhos, sabia qual era a sua pergunta seguinte. - Os meninos? - Apontei para fora de casa, pela janela da cozinha. Estavam a competir, para ver quem chegava ao outro lado da piscina mais rapidamente (e claro, Maria ganhava sempre mas Pedro era teimoso como o pai e insistia). Ele sorriu e foi a correr, ao encontro deles. Brincou e ouvia-se sorrisos, e eu apreciava aquela vista maravilhosa. Até que... Fui interrompida pelo telemóvel de David, que tremia em cima da bancada da cozinha. Olhei, para ver se podia atender. Era o Rúben.
-Olá Rúben! Como estás?!
-Catarina? Olá. - Houve uma pequena paragem na conversa de Rúben, que volta a retomar pouco depois. - Estou óptimo. Consegues passar ao David? Precisava de falar com ele.
-Okay, está visto que não gostas nada da tua cunhada. Vou já passar-lhe. - Afastei o telemóvel e coloquei-o perto do peito, para o Rúben não se assustar com o grito. - David! Anda cá! O Rúben quer falar contigo.
"Estou indo!" - Ouvi, do jardim.
-Ele vem já aí. Mas há algum problema?
-Não... Apenas quero falar com ele.
-Passa aí amor. O Rúben quer falar comigo. - David pegou no telemóvel e foi para o jardim da frente. A minha curiosidade era maior que muita mas tinha os miúdos na piscina. Não podia perde-los de vista. Tinha que encontrar um sitio onde pude-se ver as duas situações ao mesmo tempo. Dei passos para trás a caminho do Hall de entrada, que dava acesso à porta de casa e ao jardim da frente. Espreitei um pouco e lá vi David, com a mão na cabeça. Fiquei logo preocupada, foi aí que Pedro me despertou.
-Mãe? Que estas a fazer?
-Nada filho. Desculpa, precisas de alguma coisa? - Pedro cruzou os braços e sentou-se na mesa.
-A mana está sempre a ganhar-me. Estou farto de nadar com ela! Quero que o futebol comece.
-Só dia 1 de Agosto meu filho.
-E falta muito tempo?
-Uns 15 dias. - Dei-lhe um beijo na cabeça e abracei-o. - Então e que tal a mamã fazer-te um lanchinho?
-Pão com nutella!
-Só se beberes leite.
-Já bebi leite hoje, mãe! - O problema de Pedro? Quase que era preciso força-lo a beber leite. Não gostava muito.
-Apenas se beberes leite.
-Pronto, está bem. Mas com chocolate!
-Feito! - Virei-me para trás e lá estava David, encostado à porta. - Aí! Assustaste-me! Que cara é essa? - David estava apreensivo.
-Precisamos de falar.
-Muito bem, fala.
David arregala os olhos em direcção a Pedro.
-Minha coisa fofa, vais lá fora? Preciso de falar com o teu pai, já te levo a comida.
-Prometes?
-Prometo. - Ele saiu a correr, em direcção à piscina e, teimoso, começou a competir com a irmã. - São perfeitos, não são?
-Temos um problema.




Desculpem ser pequeno. Beijinhos, Cat!

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Apresentação

Olá meninas. Eu sou a Cat, como muitas me conhecem. Escrevi a história "A Cor dos Teus Olhos" há uns tempos atrás e agora decidi continuar. Vou escrever aqui, "A Cor dos Teus Olhos - Parte II".
Como já abandonei a história há uns meses, deixo-vos com as personagens da fanfic.
David - Casado com Catarina, viveram uma linda história de amor da qual resultou dois filhos, gémeos. Maria e Pedro.
Luísa - Ex-namorada de David. Com raiva de Catarina prometeu vingança e não se cansou até a conseguir. Quando Catarina estava grávida de oito meses, Luísa encontra-a no supermercado. Dá-lhe um estalo e empurra-a.
Catarina - Depois de ter estado sete meses, saiu do coma em que Luísa a tinha colocado. Os filhos são o seu maior orgulho e David o seu maior amor.
Rúben e Matilde - casados e felizes, são os melhores amigos de David e Catarina. Matilde foi madrinha de Pedro e Rúben padrinho de Maria.
Maria - Linda com 8 anos, era a melhor da turma. Olhos verdes, cabelo loiro aos caracóis, iria fazer o encanto a muitos rapazes.
Pedro - Irrequieto, futebolísta de olhos verdes. O cabelo um pouco escuro e era mais alto do que a irmã. Pele clara e com um pequeno sinal perto do lábio no lado esquerdo, o menino dos olhos da mamã.

Para quem quer matar saudades: http://acordosteusolhos.blogs.sapo.pt/

Beijinhos, Cat*